Prémio Nobel
"Eu não tenho inimigos, nem odeio ninguém. Nem os polícias que me vigiaram, prenderam e me interrogaram, nem os advogados que me processaram, nem os juízes que me condenaram, são meus inimigos. Embora eu não possa aceitar a vigilância, prisão, processos ou condenação, respeito as suas profissões e as suas personalidades. O ódio corrói a consciência e sabedoria das pessoas; a mentalidade de hostilidade pode envenenar o espírito de uma nação, incitar a uma vida violenta e a conflitos de morte, destrói a tolerância e humanidade de uma sociedade, e bloqueia o progresso de uma nação na senda da liberdade e democracia.
Contudo, eu tenho esperança de conseguir transcender as minhas vicissitudes pessoais na compreensão do desenvolvimento do estado e de mudanças na sociedade, e de denunciar a hostilidade do regime com a melhor das intenções, e de acabar com o ódio através do amor..
Eu não me sinto culpado por seguir os meus direitos constitucionais e o direito de liberdade de expressão, e por exercer em pleno a minha responsabilidade social como cidadão chinês. Mesmo que esteja acusado por causa disso, não tenho queixas.
A reforma política da China deve ser gradual, pacífica, ordenada e controlável, e deve ser interactiva, desde cima a baixo e de baixo a cima. Desta forma terá o custo mais baixo e conduzirá aos resultados mais eficazes. Eu conheço os princípios básicos das mudanças políticas, e que mudanças sociais controladas e feitas de forma ordeira são melhores que aquelas que são feitas de forma caótica e sem qualquer controle. Por isso oponho-me a sistemas de governo que sejam ditaduras ou monopólios. Isto não é incitar à subversão do poder do Estado. Oposição não é equivalente a subversão."
Liu Xiaobo - Nobel da Paz 2010
Comentário:
Quanto ao momento, realcemos esta vergonha , mas não nos esqueçamos da vergonha de todos os outros países que se portam assim na mesma linha da China, às claras ou às escondidas. Não nos esqueçamos de Guantamano, também, por exemplo.
Nota:Com os meus agradecimentos à
Anabela Magalhães,