Hoje, depois dos resultados ainda não totais, ficamos com uma meia boa notícia: José Sócrates, o trapalhão de serviço, perdeu as eleições e não irá continuar à frente do governo de Portugal. O problema é que termina aqui tudo o que de bom saiu destas eleições.
Depois de uma campanha vergonhosa onde tudo se disse excepto aquilo que se devia ter dito, reparamos que os portugueses continuam preguiçosos para irem votar. Dos que foram, retiramos algumas coisas interessantes. A primeira é que a memória dos eleitores é, de facto, muito curta. Paulo Portas já tinha estado no governo e teve a actuação que teve. A sua marca foram uma quantidade infindáveis de negócios duvidosos na área da Defesa Nacional. Duvidosos e que, afinal, pouco trouxeram de "modernização" real às Forças da Armadas. A segunda que se pode retirar é os portugueses gostam muito mesmo das balelas dos políticos.
Na ânsia de tirar de lá Sócrates, talvez ninguém tenha percebido bem que nestas eleições se estava a discutir quem e como irá ser aplicado o "Acordo com a Troika". Para responder a quem, nem sequer teria sido preciso ter havido eleições. É óbvio que seria o trio maravilha (PS, PSD e CDS) a fazer isso. As eleições apenas serviram para satisfazer egos e interesses pessoais de alguns e dos seus compinchas. O problema real surge quando se quer responder ao "como". Isso, o que era verdadeiramente importante nestas eleições, não foi falado. Pior ainda é que foram poucos a reparem sequer na ausência deste crucial tema.
Em suma, os portugueses com uns míseros votos brancos/nulos, uma abstenção semelhante a outras eleições legislativas, quiseram dar um cheque em branco ao PS, PSD e CDS. Depois da bebedeira das eleições passar, vai haver muito choro e lágrimas de quem, hoje, decidiu votar nos mesmos. Nos mesmos que trouxeram o país ao ponto que estamos. Tal como disse nas eleições presidenciais e apesar das influências que possam ter havido durante a campanha de diversos sectores, os eleitores de Portugal escolheram livremente quem queriam que os governassem. Espero que, já por altura do Natal, não haja arrependimentos e que a energia que gastaram a eleger estes deputados não seja transferida para dizer mal deles por estarem a fazer cumprir aquilo que se sabia que eles teriam de cumprir seja lá por onde fosse. Espero, portanto, que a alegria de hoje não seja choradeira amanhã e que se lembrem bem em como hoje se votou.
Para quem não achou que Portas era alternativa em 2005 e que as eleições são sempre para eleger os mesmos, não se esqueçam que hoje tiveram a oportunidade de mudar as coisas e escolheram o mesmo. Aprendam a viver com isso caso isto dê para o torto. Em boa verdade, espero que o futuro me obrigue a engolir estas palavras mas, infelizmente, tal parece-me altamente improvável.
Um bem haja a quem achou que as escolhas de hoje era insuficientes e foram votar e não votaram em nenhum ou votaram num dos pequenos partidos. Obrigado a esses corajosos pois são esses que verdadeiramente querem que as coisas mudem..