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sexta-feira, 26 de março de 2010

Constatação

.
sem limites no espanto
consigo ler o som
das palavras surdas
que trazes desenhadas
nos olhos
.
o-tempo-não-é-uma-linha
e-nós-já-não-somos
o-que-fomos
.
percebo por fim
que há voos separados
para pássaros do mesmo bando.
.
bato as asas
e voo
a favor do vento.
levo às costas o peso
da saudade do tempo
em que éramos cúmplices .
mas o milagre da Luz
alimenta-me o horizonte
e basta-me.
.
Em@

Fotografia de Em@
©

5 comentários:

  1. e... quando se desaprendeu de voar?...

    Beijinho!

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  2. reaprende-se...Jorge.
    Desistir é que não.
    Cair,levantar,
    cair..levantar,
    cair...levantar.
    Nem que seja com próteses aladas
    temos que continuar voar.
    beijinho..
    ou então, resta-nos voar em pensamento.

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  3. o beijinho ficou fora do lugar ahahah era depois! :P

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  4. Belo poema, Em@.

    O comentário do Jorge trouxe-me à memória a dualidade platónica do cavalo branco, que insiste em levar-nos para o alto, e o cavalo negro, que faz tudo para nos arrastar para a lama (não é bem nestes termos mas é-lhe fiel). Ao homem compete gerir o melhor possível o voo de um e o peso de outro.

    É esse o nosso drama: por mais saber que tenhamos na gestão das nossas fraquezas nunca nos livramos delas em absoluto. São a sombra da luz que nos alumia e encanta.

    abraço.

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  5. jad,olá!

    todos nós somos feitos de sombra(s) e de luz, sabemos disso bem.o que não podemos perder é o contacto visual com a luz. e depois a ajuda de cumplicidades na caminhada são sempre bem-vindas.hoje uma, outras amanhã. não precisam de ser físicas, podem ser só intelectuais.
    obrigada,jad e um abraço.

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