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segunda-feira, 29 de março de 2010

Da Religião

"Vaticano defende decisão de não sancionar padre que abusou de 200 crianças
Por Francisca Gorjão Henriques

Cardeal português, conselheiro do Papa, denuncia "conspiração". E justifica o silêncio: "É o que acontece em todas as famílias. Não se lava roupa suja em público"

O Vaticano não castigou um padre católico norte-americano acusado de abusar sexualmente de 200 rapazes porque as leis da Igreja não exigem uma punição automática, justificou ontem o porta-voz da Santa Sé.

Abrindo um novo capítulo no rosário de queixas de pedofilia por membros da Igreja e de ocultação destes crimes, o The New York Times (NYT) noticiou ontem que altos responsáveis do Vaticano - incluindo o actual Papa Bento XVI - não tomaram medidas contra o padre americano Lawrence C. Murphy, que terá abusado de 200 crianças surdas enquanto trabalhou numa escola do Wisconsin para deficientes auditivos, entre 1950 e 1974.

Vítimas ouvidas pelo NYT relatam como eram cometidos os abusos e onde: no escritório do padre, no seu carro, na casa de campo da mãe, em excursões e nos dormitórios. "Se ele fosse mesmo um mau tipo, eu tinha-me afastado", conta Arthur Budzinski, ex-aluno da St. John"s School for the Deaf, na diocese de Milwaukee, agora com 61 anos. "Mas ele era tão amigável e tão simpático e compreensivo. Eu sabia que ele estava errado, mas não conseguia acreditar."

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou que Murphy violou a lei. Mas as autoridades americanas que investigaram as queixas desistiram do caso, em meados da década de 1970 e o Vaticano só soube das alegações 20 anos mais tarde, disse. "Em casos destes, o Código de Direito Canónico não contempla penalidades automáticas", cita a Reuters.

O diário nova-iorquino refere a existência de correspondência directa sobre este caso trocada entre bispos de Wisconsin e o cardeal Joseph Ratzinger (agora Papa Bento XVI e na altura responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, CDF), que prova que a preocupação central não foi pensar na demissão do padre, mas na forma de proteger a Igreja do escândalo.

Em 1996, o arcebispo de Milwaukee, Rembert G. Weakland, enviou duas cartas a Ratzinger, sem obter resposta. Ao fim de oito meses, o "número dois" da CDF, cardeal Tarcisio Bertone (actual secretário de Estado do Vaticano), deu instruções aos bispos americanos para darem início a um processo canónico que poderia levar à demissão do padre Murphy.

Mas Bertone acabou por pôr um travão no caso, depois de o padre ter enviado uma carta de protesto a Ratzinger, afirmando estar arrependido e ter uma saúde frágil, e defendendo que o caso ultrapassava o pelouro da Igreja. "Simplesmente, pretendo viver o tempo que me resta na dignidade do meu ofício", escreveu, pouco antes de morrer.

O padre morreu em 1998, sem mácula no seu registo sacerdotal, escreve a BBC on-line. Mas a decisão do Vaticano de não fazer uma investigação própria acabou por arrastar agora o Papa para o caso, realça um analista da estação britânica.

O cardeal português José Saraiva Martins, ex-presidente da Congregação para a Causa dos Santos, denunciou o que considera ser "uma conspiração" contra a Igreja Católica. "É um pretexto para atacar a Igreja", disse aos jornalistas. "Não devemos ficar demasiado escandalizados se alguns bispos sabiam e mantiveram o segredo. É isso que acontece em todas as famílias. Não se lava a roupa suja em público."

A multiplicação de escândalos levou um grupo de vítimas a manifestarem-se no Vaticano para exigir ao Papa a abertura de arquivos. "Fim ao secretismo, agora", gritavam. "
daqui

Comentário:
Tenho adiado escrever um post sobre este assunto, porque sempre que o tento abordar, fico de tal maneira indisposta que protelo.
Tudo isto é tão sórdido, tão nojento e criminoso que me indispõe na verdadeira acepção da palavra.
Faço minhas as palavras que o Elenáro deixou num comentário no Anabela Magalhães :"Para a Igreja tudo é normal desde que seja ela a fazê-lo."
Nunca mais conseguirei ouvir, serenamente, a frase atribuída a Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas, por que delas é o reino dos Céus”.
Porca miséria!

6 comentários:

  1. Eu acho que ultrapassa a revolta, Anabela. entra no campo do nojo.hipócritas!

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  2. É das coisas que mais me revoltam!!!

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  3. repito o coment+ario que escrevi para a Anabela, Andy. Ultrapssa-me a revolta.

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  4. Quando uma instituição é criada no ódio (distinga-se aqui Cristianismo de Catolicismo) por tudo que lhes é diferente e, infelizmente, rapidamente se torna numa instituição de poder o resultado não pode ser diferente.

    A Igreja Católica foi uma invenção brilhante do Império Romano para controlar as massas recém cristianizadas. Mas nem isso salvou o Império. Contudo, a Igreja, foi a única coisa que lhe sobreviveu intacta tendo conseguido mesmo dominar sorrateiramente, a política Europeia durante séculos, decidindo quem eram os Reis que deviam governar ou não, a quem depois iam pedir "favores" em nome da "causa".

    Quando algo tem este começo, a sua continuação e fim não poderá ser diferente.

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  5. Elenáro:
    continuo maldisposta.
    e não passa.
    a omissão, o esconder os factos só para ficar bem na fotofrafia, quando quem deveria dar o exemplo NÃO PODIA ter uma atitude destas.
    e quem defendem isto escudando-se na fé ou no que quiser, está a pactuar como crime,com o erro.

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