Porque ainda há mulheres invisíveis no mundo, pois nem direito a registo têm, quanto mais a voz... aqui fica a história deste dia:
E para que deixem de haver Luísas como esta, tão bem retratadas pelo nosso grande António Gedeão (Rómulo de Carvalho):
Eu como mulher assumo o compromisso de lutar, sempre, pela minha visibilidade e pela das minhas companheiras!
E agradecerei, sempre, aos homens que se revelem companheiros na luta pelos nossos direitos. Porque los hay, hay! :)
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I
ResponderEliminarOlá,
Mas não tem que agradecer pois o dever cumpre-se, sem regozijos, e no silêncio de quem se limita a fazer o que a consciência determina. A boa acção, quando sublinhada pelo próprio, perde sempre a maior parte do seu valor.
É bom perceber que nem sempre as mulheres estiveram em situação de inferioridade cultural e, consequentemente, no plano das relações sociais, em comparação aos homens. Pelo que se pode observar nas entre os bandos de populações caçadoras e nada nos permite dizer que, no passado arqueológico das sociedades primitivas terá sido diferente, a mulher desempenha um papel de primordial importância no assegurar da sobrevivência -a recolecção sempre foi o garante da constância de alimento- e o seu estatuto permite-lhe -é o que acontece em certos grupos australianos- ter palavra nos mais variados assuntos, inclusive no plano das decisões relativas à itinerância e até na situação limite dos conflitos guerreiros com povos vizinhos.
Naturalmente que ao longo de muitos milhares de anos de práticas e costumes de desigualdade, houve todo um discurso e uma mentalidade que confluirão não só para justificar como defender e manter toda uma situação de desigualdade e subalternidade da metade feminina da humanidade. Contudo, essa desigualdade ter-se-á iniciado a quando da passagem para a produção agrícola e as sociedades sedentárias que a partir disso definitivamente arrecadaram o fórum de cidade. Foi o acumular e a apropriação da riqueza excedentária que uma tal revolução propiciou que veio a conferir a sedimentação do(s) poder(es) que os homens concentraram nas suas mãos e que lhe permitiu impor e manter essa posição de superioridade praticamente em todas as sociedades -há excepções, naturalmente, e os matriarcados no Tibete, são disso um exemplo, com as mulheres a terem um papel muito equitativo nas regras de controlo social- conhecidas, quer no espaço quer no tempo histórico.
Por sua vez, no plano da biologia e da genética que nos confere a identidade enquanto seres vivos, as ciências vieram desmentir todos os pontos de vista que sustentavam a inferioridade do género feminino; é bom não esquecer que ainda há século e meio atrás se justificava aquela condição pelo menor volume dos cérebros das mulheres.
Ora hoje sabe-se que somos os dois pólos de uma mesma espécie e que nada há que justifique menores capacidades femininas ao nível das capacidades intelectuais ou físicas. Quer dizer, à partida, tanto um menino como uma menina têm iguais possibilidades -que não capacidades individuais mas essas são também divergente no seio de cada género- de assimilarem qualquer dos aspectos de uma determinada cultura humana pelo que não é possível sustentar qualquer superioridade de um em relação ao outro.
A igualdade do género não será pois algo que se aceite -é-o, sem dúvida, em termos práticos e importa compreender porquê para que não seja uma concordância seguidista com os inerentes percalços de reversibilidade que a mesma naturalmente comporta- mas que se verifica.
É claro que há todo um universo de pensamento filosófico e científico que permitem sustentar aquela verificação, mas para quem tenha por bom o princípio da irmandade entre os seres humanos, trata-se de uma mera questão de bom senso mas deve dizer-se que, mais do que isso, é algo de idiossincrático.
LF
II
ResponderEliminarTenho para mim que a conquista dos direitos de igualdade social por parte das mulheres foi um avanço civilizacional e, a par da superação do racismo, constitui uma das últimas barreiras para que possamos sonhar com um mundo de paz entre os homens e as nações.
Por isso é tão importante que o empenhamento nesse objectivo seja permanente e o mais acutilante possível, a começar pelas atitudes que estão mais ao alcance da nossa mão como é o caso de um cantinho como este. Há para percorrer, um caminho muitíssimo mais longo do que aquele que foi calcorreado até aqui, pois é bom ter presente que estamos ainda muito longe de termos vencido essa tragédia humana.
Não tenho filhos rapazes, só pardalocas palradoras que dá gosto ver crescer e prepararem-se para um dia poderem escolher o seu próprio caminho na vida. Obviamente que as preparo para serem pessoas decentes e generosas, mas também enérgicas e corajosas para saberem tratar de si sem precisar de ninguém. Seria exactamente o que faria se em vez delas estivessem lá rapazolas.
Frases grandiloquentes, tais cartas de amor, quem as não tem, não é? Tal e qual e por isso tenho para mim que ainda mais importante que toda a atitude, digamos assim, militante, está a prática diária de tais ideias. A começar pela própria interpretação mental; eu não ajudo a minha mulher, limito-me a partilhar as tarefas que são necessárias ao bom e harmonioso fluir da vida familiar. Em conformidade, quando chego a casa faço logo aquilo que estiver por fazer ou o que tiver que ser feito, seja lá a que nível for.
Deriva daí que o primeiro passo para que se consolidem as conquistas de que estamos a falar, está na educação dos rapazes a quem deveremos transmitir a ideia de que, no lar, no domínio da vida doméstica, não coisas para meninas e outras para meninos. A antiga mentalidade que via o mariquinhas naquele miúdo que gostava de aprender a fazer comida ou que gostava de brincar com as bonecas, por exemplo, é isso mesmo, antiga e hoje, desde que assumida de boa fé, só pode ser considerada um anacronismo pacóvio e injustificado.
Resta-me expressar as desculpas por me ter alongado mas isso apenas se prende com a minha incapacidade para saber explicar melhor e com maior poder de síntese o que, seguramente, nunca poderia ser pretexto para deixar de dizer a minha palavra de cidadão em tão importante tema.
Se alguém tivesse que agradecer seríamos nós, os visitantes, pelo precioso trabalho que a senhora aqui faz e que deve ser mais que muito, pois nem sou capaz de imaginar o quanto perde e as energias que consome para nos servir desta maneira tão elegante.
Esteja pois a paz convosco,
Luís F. de A. Gomes
Olá, Luís.
ResponderEliminarMuito obrigada pelos seus comentários que enriqueceram o meu post.
Eu, por norma, sintetizo o meu pensamento, porque se lhe dou largas...
Deixe-me só pegar neste seu ponto: "Deriva daí que o primeiro passo para que se consolidem as conquistas de que estamos a falar, está na educação dos rapazes a quem deveremos transmitir a ideia de que, no lar, no domínio da vida doméstica, não coisas para meninas e outras para meninos(...)"- que é sem dúvida muito importante, mas não se esqueça das meninas...ainda há muita menina educada na mentalidade das nossas mães: servir o homem e proporcionar-lhe bem estar para que o casamento seja duradouro. Há muita menina a ser educada também no espírito de dondoca, infelizmente. Todos os anos encontro algumas e fico de 'boca aberta' porque pensava e penso que não faz sentido educar alguém assim.
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Parabéns pela forma como educa as suas "pardalocas" (a expressão... é sua). Educá-las para a autosuficiência é o caminho desde que não se esqueça a afectividade. Pois sem ela somos nada.
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Quanto ao blogue, dedico-lhe tempo, sim, mas não o que as pessoas pensam.
Aprendi a agendar graças ao meu amigo Miguel, há algum tempo, e é aí que está o segredo. Tenho muitos poemas na gaveta assim como pinturas, rabiscos,fotografias, pois estou sempre com material à mão e aproveito todo o tempinho. É uma forma de me expressar.
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Boa tarde, Luís.
Paz e saúde.
Olá Ema!
ResponderEliminarParabéns pelo teu dia.
Há mais mulheres que agem do mesmo modo de nossas avós do que se imagina.
abçs
Olá, novamente
ResponderEliminarSim, concordo consigo, não nos podemos esquecer das meninas, embora isso estivesse implícito no discurso que apresentei; em suma, importa assumir uma nova mentalidade que toma a educação dos mais novos, antes de mais, enquanto seres humanos e não como pessoas do sexo masculino ou feminino, naturalmente salvaguardando as especificidades bio-psicológicas de cada unidade do par.
Pardalocas, é assim mesmo que as saúdo quando chego a casa e sei que elas estão lá de sorriso no rosto e alegria nos braços para me receberem, coisa que eu sempre tomo como um prémio de existência e humildemente agradeço e, com todas as limitações da minha pequenez, procuro tudo fazer para o merecer.
Sim, o afecto é um cambiante de primordial relevância é, na minha modestíssima opinião, a base da autoridade sem autoritarismo e, por isso, a via pela qual se abre a assimilação dos princípios que modelam o carácter de uma pessoa de bem que é o que se pretende quando queremos aspirar a um mundo melhor, o mesmo é dizer um amanhã melhor. Mas essa afectividade já transparece no "-Pardaladaaa!"
Seja como for, esta ideia, ainda que muito simples mas não elementar, antes fundamental, levar-nos-ia a uma conversa em torno de um outro problema que é o da cultura da generosidade e do afecto, da delicadeza e do carinho, em alternativa às atitudes de uma cultura do individualismo -que não a da individualidade, se bem que esta expressão não tenha validade de conceito na linguagem das ciências sociais, mas serve para distinguir o peso em que se está a usar o vocábulo individualismo- e da frieza, do formalismo e da agressividade que caracteriza as mercantilizadas inter-relações pessoais das sociedades em que vivemos. Enfim, seria uma longa troca de ideias que ainda permanece por fazer, mas que me parece importante. Mas eu que sempre me senti muito ignorante, dou comigo a pensar se, querendo nós um mundo diferente, não teremos então que educar o futuro que nos renderá de uma maneira diferente, embora reconheça que na realidade do dia a dia a coisa não seja assim tão simples e aqui no sentido de não ser tão fácil de conseguir quanto o é de dizer. Mas lá está, isso seriam pontas de uma outra conversa que não caberá aqui e agora.
Olhe, tenha um resto de uma boa semana de trabalho, sim? Em paz, claro e com muita saúde
Luís F. de A. Gomes
Adriana:
ResponderEliminarparabéns também para ti.
aqui o dia está feio, chove que se farta...faz frio e eu quero sooooooool.
Beijinho
Pois é, infelizmente há muitas futuras mulheres a serem educada assim.
Há dias ouvi uma mamiga minha dizer à filha que tinha o namorado em casa delas a passar uns dias: "Vê lá se o ....tem a roupa e ordem"
E eu fiquei a olhar espantada, quando ela atira: "estás a olhar para mim assim, porquê? a mãe dele pediu para darmos uma ajudinha porque ele não está habituado a fazer nada..."
"Então é uma boa altura de se começar a habituar se não queres que a tua filha seja a mãe/empregada dele!- respondi-lhe eu, e aquilo deu pano para mangas...até para amuo deu!
Luís.
ResponderEliminareu acho que o afecto faz milagres. sempre fez!
andamos nós preocupados com o planeta que deixaremos aos nossos descendentes e somos poucos a preocuparmo-nos com o tipo de descendentes que deixaremos para o planeta.e não tarda nada, são eles que estão no poder e a tomar dcisões pela nossa vida.
Paz e saúde.