Comemora-se hoje o "Dia Europeu da Terapia da Fala".
"A voz é o principal instrumento de trabalho utilizado pelos professores, por esta razão
estes profissionais dependem directamente da sua qualidade vocal para terem um bom desempenho profissional. Por conseguinte, o professor precisa de ter um bom conhecimento da sua voz e estar alerta ao perceber pequenas alterações que poderão indicar problemas vocais mais sérios. A voz muda com o passar dos anos e o profissional da voz, fazendo uso intenso desse instrumento de trabalho, sofre um desgaste maior das estruturas relacionadas com a fonação.
A docência é uma das profissões com maior incidência de alterações vocais. Essas alterações afectam a vida pessoal, social e, sobretudo, a vida profissional, causando ansiedade e angústia. A maioria dos professores fala ininterruptamente durante muitas horas, às vezes gritando e mantendo a intensidade aumentada tentando, com a voz, superar o ruído ambiental. Estes profissionais ainda apresentam, com relativa frequência, uma postura inadequada e um padrão respiratório insuficiente para o bom desempenho da sua profissão. Como consequência, os professores apresentam sinais muito característicos, como cansaço e fadiga vocal, perda da intensidade, alterações dotimbre, rouquidões e afonias e, com o passar dos anos, são frequentemente encontrados no exame médico, edemas, pólipos e nódulos das pregas vocais.
É importante que o professor mantenha hábitos correctos de postura, gestos precisos e uma boa qualidade vocal, pois as suas atitudes, além de influenciarem na transmissão dos conhecimentos, são constantemente observadas e, muitas vezes imitadas pelos alunos.
(...)
- Dicas de Higiene Vocal:
Estes são cuidados para poupar a laringe de esforços desnecessários que, muitas vezes, são feitos e causam prejuízo à voz e desconforto ao falante. A higiene vocal deve ser seguida por adultos e crianças, mas principalmente por profissionais que usam a voz como meio de trabalho.
· A hidratação do organismo é fundamental. Beber entre seis a oito copos por dia, à temperatura ambiente, bem como incluir frutas e vegetais na dieta alimentar, pois contêm vitaminas (A, E e C) bastante importantes para a saúde da mucosa faríngea. Antes, durante e após uma actividade vocal intensa é fundamental beber água, mesmo que não se sinta sede. Os refrigerantes, por conterem grande quantidade de gases, podem prejudicar a movimentação do diafragma, devendo, por isso, ser evitados;
· A utilização de pastilhas ou gargarejos com substâncias químicas que contêm álcool porque provocam desidratação e alteram, consequentemente, a saúde das mucosas oral e faríngea, também não são aconselháveis;
· Evitar ambientes com ar condicionado, que desidratam as mucosas. Se não for possível, então, intensificar a hidratação;
· Não gritar sem suporte respiratório. O grito deve ser sempre evitado, mas, em situações esporádicas em que ele é necessário (principalmente em certas profissões), a pessoa deve gritar com técnica: corpo erecto, inspirar profundamente sentindo a expansão do abdómen e das costelas e falar em forte intensidade, com ataque vocal suave;
· Tossir ou pigarrear excessivamente provoca um atrito intenso nas pregas vocais, podendo feri-las. Como mecanismo de protecção há um aumento do muco para protegê-las do impacto, isso torna-se um ciclo vicioso, pois a secreção atrapalha a emissão vocal, forçando a pessoa a pigarrear novamente! O melhor é controlar a vontade de pigarrear ingerindo água, pois hidrata e, simultaneamente, o acto de deglutição obriga à descida da laringe e alivia a tensão excessiva dos músculos constritores faríngeos (na impossibilidade de beber água deve-se deglutir saliva);
· Falar em ambientes ruidosos ou abertos leva a pessoa a intensificar a emissão vocal, pois há competição sonora. Quando possível deve-se evitar tais ambientes, mas, no caso de profissionais que trabalham em tais condições, a voz deve ser projectada na face, os sons articulados com precisão e a voz deve ser levemente agudizada;
· Falar excessivamente durante quadros gripais ou crises alérgicas pode causar danos irreversíveis, pois os tecidos que revestem a laringe estão inchados e o atrito das pregas vocais durante a fala passa a ser uma forte agressão. Deve-se falar o mínimo possível nessas ocasiões e beber água em abundância;
· Praticar exercícios físicos falando pode gerar sobrecarga, pois, durante o esforço físico, ocorre um aumento no fechamento das pregas vocais;
· Não fumar ou falar muito em ambientes de fumadores. O cigarro é altamente irritante para as mucosas do tracto vocal, além de desidratá-las e dificultar a sua vibração;
· Não abusar do consumo de bebidas alcoólicas (sobretudo destiladas). O álcool também é irritante para as pregas vocais e tem um efeito anestésico que mascara a dor de garganta, propiciando abusos vocais;
· A alimentação com excesso de condimentos traz azia, má digestão e refluxo de secreções gástricas, que podem banhar as pregas vocais causando irritações nas mesmas. A maçã é recomendada por ser adstringente, deixando a saliva mais “fininha”. Já os derivados do leite e chocolate engrossam a saliva e dificultam a articulação das palavras e a vibração das pregas vocais.
Nota 1:
O aparecimento de disfonia (rouquidão) superior a quinze dias, cansaço vocal, ardor e/ou dor na garganta, pigarreio e falta de ar são sinais de patologias que atingem a laringe e podem estar relacionadas com o uso abusivo da voz em condições desfavoráveis. Sempre que se verifiquem alguns destes sintomas dever-se-á procurar um médico Otorrinolaringologista e/ou Terapeuta da Fala."
Extraído PDF da Dra. Susana Portinha (Terapeuta da Fala)
Nota 2:
Eu já fiz duas "acções de formação" cuja temática foi:
"A colocação da voz" e "A voz".
Ambas foram muito proveitosas e recomendo acções do mesmo género, a todos os profissionais que tenham a voz como principal instrumento de trabalho.
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