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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Greve Geral - 24 de Novembro


in Diário de Notícias
Terça, 16 de Novembro de 2010

Opinião
por Marília Azevêdo , professora

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"Passageiros clandestinos
É o caso dos não grevistas que beneficiam da luta dos outros sem perderem o salário

Vivemos um tempo demasiado complexo e angustiante. Confrontados, diariamente, com notícias que nos falam da crise em todas as tonalidades possíveis, que anunciam o empobrecimento generalizado da população e, o encerramento de empresas que lançam para o desemprego centenas de pessoas, aumentando um já insustentável nível de desemprego, de insegurança, precariedade e exclusão social.

Um tempo em que tentam vender a paradoxal teoria de que um verdadeiro estado social é aquele que reduz a protecção social e destrói os serviços públicos. Um tempo em que as perspectivas de futuro são quase um não-futuro.

Neste contexto, cinzento e asfixiante, é fácil ser dominado pelo sentimento de impotência e pelo desalento. Pela sensação de claustrofobia castradora do "não há nada a fazer". Mas há. São tempos como estes que exigem de todos uma resposta à altura. Uma resposta que passa por unir esforços e vontades para lutar por uma mudança, verdadeiramente, significativa.

A união de esforços em torno de uma luta comum levou a que a CGTP-IN e a UGT se juntassem na proposta da Greve Geral para o próximo dia 24 de Novembro. A união de esforços, porém, não isenta ninguém da individual responsabilidade de participar e agir.

Por isso, faz-me alguma confusão assistir a um grupo, não negligenciável, de cidadãos, que se arrogam no direito de assobiar para o lado, como se nada de importante se estivesse a passar. Esse grupo de cidadãos é o exemplo típico do que o economista Macur Olson caracterizou como "passageiro clandestino" na sua obra "The Logic Of Collective Action".

Como "passageiro clandestino" Olson identifica o membro de um colectivo que beneficia da acção pública desse colectivo, sem nada investir nessa acção concreta.
É o caso dos não grevistas que beneficiam da luta dos outros sem perderem o salário correspondente aos dias de greve convocadas pelos sindicatos, ou sem o incómodo de participar em vigílias, manifestações e outras acções de protesto. É fácil identificá-los.

São os "heróis" que no meio da crise e da contestação escolhem como alvo os sindicatos e os dirigentes sindicais. Que contestam as medidas anunciadas pelo Governo, fazendo, pasme-se, oposição aos sindicatos como se tivessem sido estes a apresentá-las e a aprová-las.

Incapazes de contribuir de forma construtiva para a solução dos problemas, a sua verborreia tem como único objectivo atingir as pessoas que, muitas vezes, em contextos difíceis, conseguem melhorar os seus interesses quer pessoais quer profissionais.

São os mesmos que depois arrogam direitos de interpretação como se tivessem contribuído para a mudança.

Não há como desistir de sermos protagonistas da nossa História. Temos, no entanto, a obrigação de escolher a forma como seremos recordados.

Eu vou fazer greve no dia 24 de Novembro. Porque não desisto de tentar deixar um mundo melhor para os meus filhos! "
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Eu também...
mas gostava, mesmo, é que não tivessemos motivos para este tipo de luta. E havendo ,que não existissem tantos "passageiros clandestinos" ou, então, que aqueles que não aderirem à greve se sentissem com o direito e o dever de, depois, não beneficiarem do que resultar da luta dos outros...
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Obrigada Lelé, por me teres levado até este artigo.

6 comentários:

  1. Em@,
    Vais-me desculpar, mas detesto este género de discurso em que o mundo é espartilhado em dois blocos. Se fazes greve, és dos bons. Se não fazes, és "clandestino", logo, és dos maus.
    Para quê pensar, se há um sindicato que pensa por ti? Para quê questionar, se valores mais altos se levantam?
    Eu até estou a pensar fazer greve, mas este género de discursos estratégicos, para mobilizar a carneirada, causa-me asco, porque são contrários à liberdade individual. E eu gosto de pensar pela minha cabeça.

    Beijo :)

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  2. Percebo a sua posição e a sua verdade .... a minha solidariedade.

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  3. Boa noite Ema,


    Muito bom esse artigo. Quando fui funcionária pública conheci alguns "passageiros clandestinos". Providenciavam para suas férias fossem programadas nos meses de dissídio coletivo, assim, caso houvesse greve, estariam afastados por lei. Ninguém merece!

    bjs

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  4. AC,
    obrigada por teres deixado a tua opinião.
    eu também gosto de pensar pela minha cabeça, alíás faço-o sempre, o que se deve notar, julgo eu.
    beijo

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  5. Blackhill,
    obrigada pela solidariedade e compreensão.
    :)

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  6. Adriana,
    muito obrigada por ter deixado expressa a sua opinião.
    beijo

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