"Mais de dez mortos. Trinta feridos. Um barco cheio de ajuda humanitária a caminho de uma região fechada ao Mundo interceptado em águas internacionais. E eles não só tomam o partido do mais forte como querem-nos convencer de que este é o mais fraco. Esta direita não age em função de uma amizade ou afinidade cultural, como tanto gosta de apregoar. Os verdadeiros amigos apontam os defeitos, dizem as verdades, denunciam quando é caso disso. Esta direita age de acordo com algo muito mais primitivo: o preconceito anti-islâmico. Que esse preconceito sirva um Estado opressivo – Israel – surgido como resposta ao pior genocídio da História, não é apenas irónico; é, sobretudo, trágico. O povo judeu pode dispensar este tipo de amigos. "
Daqui
"Violando todas as normas internacionais – o que parece ser já uma rotina -, tropas israelitas assaltaram uma embarcação civil de outro país em águas internacionais. Essa embarcação, com mantimentos para ajuda humanitária, não se dirigia a território israelita, mas a um país independente que sofre de um bloqueio não reconhecido nem aceite por nenhuma organização internacional.
Ou seja, o grupo armado israelita interveio ilegalmente em território estrangeiro. Formalmente, nada distingue esta acção da pirataria na Somália. A não ser, claro, o facto de ser levada a cabo por um Estado, o que torna a operação ilegal ainda mais grave. No assalto foram assassinados cerca de dez civis.
A contra-informação israelita, sempre apoiada por diligentes defensores do indefensável, veio rápida, como de costume. Soubemos que, escândalo dos escândalos, houve resistência ao assalto em águas internacionais. Em sua defesa, as autoridades israelitas, responsáveis por uma grosseira violação de todas as leis internacionais, garantem que havia “fisgas, berlindes e varas de diversos tamanhos” a bordo. Israel informou que a frota era apoiada por ONG’s ligadas à Al Quaeda, que é basicamente a acusação feita a qualquer organização que não apoie cegamente tudo o que seja feito por todos os governos israelitas. Nada de novo, portanto.
É também um clássico: tudo o que Israel faça, desde bombardeamentos a hospitais a assassinatos selectivos em território estrangeiro, desde uso de armas químicas ilegais a anexação de território que não lhe pertence, é justificável. Não vale a pena, por isso, perder muito tempo a responder ao disparate.
Desta vez, Israel foi mais longe na sua cada vez mais ousada provocação à comunidade internacional. E o ataque foi feito a um país membro da NATO e com quem mantinha relações diplomáticas. Não nos devemos espantar com o arrojo. O estatuto de inimputabilidade de que Israel goza há décadas – e que não tem paralelo com o de mais nenhum Estado, incluindo o mais poderoso do Mundo – só o poderia levar até aqui. Como os cidadãos, se um Estado sente que tudo lhe é permitido apenas o céu ou o Inferno será o seu limite.
Como é natural, por todo o Mundo sucederam-se as reacções de condenação. Mas Portugal ficou-se pela preocupação e o lamento pelo ataque a um aliado seu. Trata-se de uma política de Estado: ser capacho de todos os regimes, sem qualquer excepção. De Caracas a Washington, de Pequim a Luanda, de Moscovo a Bruxelas, de Telavive a Rabat, o governo português mantém sempre a coerente posição de não ter posição sobre nada, esperando que a sua irrelevância seja premiada com umas migalhas. No caso da Europa, ficou quase sozinho, não acompanhando sequer a posição oficial da União.
Só que este acto de pirataria tem consequências diferentes de tudo o que sucedeu até agora. O alvo foi o país membro da NATO. E a pergunta que fica é esta: a aliança militar tem como única função apoiar a política externa de um dos seus Estados membros ou, quando outro é ilegalmente atacado, há consequências políticas? Era importante saber. Recordo: a Turquia tem o segundo maior exército da Aliança Atlântica e nela se encontram importantes bases militares. Se este ataque é politicamente indiferente para os seus supostos aliados, o que raio está aquele país a fazer na NATO? É esta a pergunta que muitos cidadãos turcos se estarão a fazer neste momento.
Daniel Oliveira
Texto publicado no Expresso Online.
Olá,
ResponderEliminarDesta vez para um reparo com que, de modo algum, pretendo ilibar as responsabilidades e tudo o mais das autoridades israelitas no caso, mas posso fazer uma pergunta?
Por acaso já alguém aferiu o(s) ponto(s) de vista israelita a este respeito? Será que nada teremos para ouvir dessa outra parte?
É uma dúvida que permanece em face das palavras do Senhor Daniel Oliveira que, avaliando pelo que escreve "(...) Recordo: a Turquia tem o segundo maior exército da Aliança Atlântica e nela se encontram importantes bases militares. Se este ataque é politicamente indiferente para os seus supostos aliados, o que raio está aquele país a fazer na NATO? É esta a pergunta que muitos cidadãos turcos se estarão a fazer neste momento (...)", é não só um profundo conhecedor da realidade turca e sobretudo do pulsar mental da população, em geral e da opinião pública, em particular daquele país, como ainda até dele poderemos afirmar com toda a segurança apresentar um discurso verdadeiramente pacifista e, acima de tudo, pleno da sensatez de quem procura soluções inteligentes para os problemas.
Enfim, pormenores de gosto, creio eu.
Mas tiro-lhe o chapéu por chamar a atenção para a premência de os palestianos terem uma pátria independente e livre, acrescento eu que é algo com que não podemos deixar de estar de acordo e em cujo impedimento, obviamente, Israel não estará isento de culpas. Estar do lado dessa causa, é, à partida, uma afirmação de justiça e isso ó sempre de louvar.
Que a paz esteja convosco,
Luís F. de A. Gomes
Luís:
ResponderEliminara Palestina é um estado independente e livre, prisioneiro dentro das fronteiras que lhes delimitaram e que são constantemente violadas...
Israel sempre teve todas as oportunidades de dizer o que pensa. e mais, foi sempre apoiado pelos grandes do mundo em todas as suas investidas. eles os mais fracos??? desde quando depois da 2ª Guerra Mundial e de se ter formado o estado de Israel?
O mundo limpa as suas mãos do facto de não ter impedido o Holocausto, apoiando-os.
Como é possível os Israelitas fazerem aos Palestinianos o mesmo que sofreram nas mãos dos Nazis???
...
paz e saúde
Luís.
ResponderEliminaresqueci-me de dizer que tenho alguns amigos judeus.
Vou transcrever para aqui o último e-mail que recebi de uma organização judia que apoio:
Jewish Voice for Peace
Dear Em(),
It's not often that one gets to bear witness to the start of a movement. It's even rarer when you get the chance to help make it happen.
But here we are, faced with the beginning of a campus-led movement to divest from companies that profit from the occupation of Palestinian people and land. A movement made up of people of every race, ethnicity and religion all compelled by an overwhelming sense that divestment is the right, the moral, and the just thing to do. A movement that started with a call from Palestinians, moved to places of higher learning in the US like Hampshire College and the University of Michigan, and is now catching on in places like Georgetown, Brown, and the campuses of the University of California.
On Wednesday April 28, in just one day, not one but two separate college campuses - the University of California at Berkeley and at San Diego- will be voting on the question of divestment and occupation.
Students at UC Berkeley will again try to overturn a veto of their original 16 to 4 pro-divestment vote. And the students at UC San Diego will put their resolution- nearly identical to that of UC Berkeley--before the student senate for the first time.
Already nearly 6,000 of you have shown your support of UC Berkeley students by signing this statement and making sure we represent your name on a bright green statement at the hearing. Let's do the same for the students at UC San Diego.
We have just 1 day to demonstrate our support and solidarity with these amazing people who are standing for justice for all people in Palestine and Israel. I urge you to stand with them and let them know that they are not alone.
The UC San Diego students need your support. They need to know that Jews and our allies support divestment from companies that profit from the occupation.
They need to hear that we all stand proudly together:
With Palestinian student Ibrahim Shikaki and Holocaust survivor Hedy Epstein;
With student organizations representing every race and ethnicity;
With dozens of professors, Nobel prize winners, and rabbis;
With Archbishop Desmond Tutu, George Bisharat, Noam Chomsky, Naomi Klein, 9 Israeli peace groups
With thousands of grandmothers and grandsons, Muslims and Jews, Christians and atheists, fathers and daughters.
What happens tomorrow in Berkeley and San Diego is critical. Students are watching, studying, planning their own campaigns. These campaigns are politicizing an entire generation of college students who see each other and those in Israel and Palestine as equals. Let UC San Diego senators know that we support a courageous vote that says "The Occupation ends with me."
All our best,
Cecilie
Olá, mais uma vez
ResponderEliminarMinha querida senhora, com todo o respeito que tenho por si e sem querer estar aqui a querer entrar em discussão consigo a este respeito, mas as dúvidas perante este texto permanecem e depois deixe-me que lhe diga ser abusivo comparar a Shoa com todas as atrocidades que as tropas israelitas, o estado israelita e até a população israelita ou, para sermos mais justos, bolsas da população israelita, possam ter feito recair sobre as populações palestiniana. Não faz qualquer sentido colocar o problema dessa maneira e que me pareça, para além de outras observações que poderíamos acrescentar, nunca um dirigente nazi apertou a mão a um dirigente(?) judeu com vista a estabelecer um acordo de paz. Mas creio que aqui continuamos, como disse anteriormente, nos pormenores de gosto. Adiante...
Não, minha querida senhora, a Palestina não é, como diz, um estado independente e, entre outros motivos, também porque, justamente, Israel não o tem permitido. Esse é um dos elos do problema.
Mas tenhamos ainda presente que se tivéssemos a falar de dois estados independentes, então caberia perguntar onde estão os movimentos homólogos ao que lhe enviou a mensagem que anexa? Creio que isto é uma questão crucial que normalmente é escamoteada; mais uma vez as meras questões de gosto.
É bom ter presente que a sociedade israelita é plural e há muito que no seu seio existem correntes que se expressam pela paz. Amos Oz, por exemplo, é, no domínio da literatura mundial, uma voz amplamente reconhecida a esse respeito.
Mas lá vem a questão de gosto, isso, quanto a mim, na minha mais que modestíssima opinião, é algo que abona a favor daquele país com uma tão controversa existência.
Israel é um sonho de todo e qualquer judeu e perante tudo aquilo que tem acontecido desde então e tudo o que tem sido dito sobre isso, há uma pergunta incómoda e incontornável que, também esta, geralmente é mal colocada e é tão simples como isto: qual é a alternativa?
Acredite-me que sou um simpatizante da causa palestiniana e sinceramente acredito ser possível a coexistência pacífica entre aquelas populações, como em tudo na vida, assim o queiram os homens.
Como chegar lá? Gostaria muito de saber, mas não sei. Contudo duvido que seja apenas apontando o dedo aquela que afinal até é a única parte livre e plural do problema.
Com o mais profundo respeito por si, os meus melhores votos de paz,
Luís F. de A. Gomes
Ó Luís o que eu, lá atrás, queria dizer é que a Palestina não é um estado independente e livre...o meu teclado de vez em quando,muitas vezes come letras e até bocados de frases. quem em conhece e lê sabe disso (já me falaram em teclado sujo e que as poeiras etc prenderiam as teclas, não sei, quando escrevo através do Firefox sou alertada quando não passa)
ResponderEliminardizer que a Palestina é independente e livre era um tremendo disparate.
Este comentário apesar de ter a hora de 18:11 só apareceu há pouco.
Depois volto a este assinto.
saúde
(não reli o que escrevi espero não ter escrito nenhuma enormidade)
Olá,
ResponderEliminarNem outra coisa poderia esperar de si, mas acredite que aumenta o respeito que tenho por si. Nós temos por convicção que a democracia é a melhor forma de regime e sociedade e que não é uma utopia, sequer idealismo pensar que pontos de vista diferentes podem coexistir pacificamente e mutuamente se questionarem de forma civilizada, salvo seja esta última expressão.
Ora a minha querida senhora deu um relevante contributo para isso o que é sempre de sublinhar e de louvar. É, aceite que fale assim, muito bonito da sua parte e com toda a humildade o agradeço.
Quanto às enormidades, não, para além do assinto (sic), nada de mais há a assinalar. Não leve a mal, isto é uma pequena brincadeira mas sempre fui assim e que a diga a minha querida prima Nélinha, com quem muito brinquei na infância e a quem estava constantemente a fazer cruzar com uma boneca enorme que havia numa das arrecadações do quintal e que, não sei explicar porquê, muito medo lhe causava. Escusado será dizer que eu muito gostava de ver a prima priminha a correr gritando pela tia. Enfim, maneiras de ser.
A paz esteja consigo,
Luís F. de A. Gomes
ai...ai...
ResponderEliminarcorrigindo:
-->assUnto <--- em vez de "assinto"
--> quem Me <-- em vez de "quem em"