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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morreu José Saramago! In Memoriam

Na minha opinião um dos maiores ficcionistas da actualidade.
Estou triste e de luto!
R.I.P


Reuters

"José de Sousa Saramago, falecido hoje aos 87 anos, nasceu na aldeia de Azinhaga, concelho da Golegã, a 16 de novembro de 1922, embora esteja registado como tendo nascido a 18, mas antes de fazer três anos mudou-se para Lisboa com os pais.

Foi ao inscrever-se na escola primária, na capital, que se descobriu que o funcionário do registo tinha acrescentado na sua certidão de nascimento a alcunha da família, Saramago, como sendo apelido, o que tornou o escritor no primeiro Saramago da família Meirinho Sousa.

"Após fazer os estudos secundários em Lisboa, que por dificuldades financeiras não prosseguiu, José Saramago começou a trabalhar como serralheiro mecânico e exerceu ainda as profissões de desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor e tradutor, tendo colaborado também como crítico literário na revista Seara Nova e como comentador político no Diário de Lisboa (1972-73) e sido diretor do Diário de Notícias (1975)."

Membro da primeira direção da Associação Portuguesa de Escritores e presidente da assembleia geral da Sociedade Portuguesa de Autores entre 1985-1994, José Saramago, viveu, a partir de 1976, exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro enquanto tradutor e depois enquanto autor.

O seu primeiro livro, o romance "Terra do Pecado", saiu em 1947, tendo José Saramago estado depois sem publicar até 1966, quando regressou com "Os Poemas Possíveis", a que se seguiram, já na década de 70, "Provavelmente Alegria" (1970), "Deste Mundo e do Outro" (1971), "A Bagagem do Viajante" (1973), "O Ano de 1993" (1975), "Manual de Pintura e Caligrafia" (1977), "Objecto Quase" (1978) e "A Noite" (teatro, 1979), entre outros.

Já nos anos 80 chegaram às livrarias "Levantado do Chão" (1980), "Que farei com este Livro?" (teatro, 1980), "Viagem a Portugal" (1981), "Memorial do Convento" (1982), "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1984), "A Jangada de Pedra" (1986), "A Segunda Vida de Francisco de Assis" (1987) e "História do Cerco de Lisboa" (1989).

O polémico Evangelho

"O Evangelho Segundo Jesus Cristo", o romance mais polémico do autor, saiu em 1991 e dois anos depois surgia a peça de teatro "In Nomine Dei", após o que tinha início a publicação dos "Cadernos de Lanzarote" (1994, diário I, e 1995, diário II), reflexo da mudança de Saramago para aquela ilha do arquipélago das Canárias.

O aplaudido "Ensaio sobre a Cegueira" foi dado à estampa em 1995, a ele se seguindo mais dois volumes dos "Cadernos de Lanzarote", em 1996 e 1997, e o novo romance "Todos os Nomes", editado também em 1997, um ano antes do quinto volume dos "Cadernos de Lanzarote".

Após a atribuição do Prémio Nobel da Literatura em 1998, a Fundação Círculo de Leitores instituiu um galardão literário bienal com o nome de José Saramago e a expetativa em torno de um novo trabalho do autor aumentou, até que, no ano 2000, chegou às livrarias "A Caverna", a que se seguiu "O Homem Duplicado" (2002).

O "Ensaio Sobre a Lucidez", publicado em 2004, foi apresentado pelo próprio escritor em entrevista à Lusa como "uma fábula, uma sátira e uma tragédia" e causou controvérsia por preconizar o recurso ao voto em branco como sinal de desagrado dos eleitores perante o Governo.

Aquando do lançamento deste título, José Saramago criticou duramente a democracia portuguesa por, na sua opinião, os governos serem "comissários políticos do poder económico" e mostrou-se contra o monopólio dos média.

No ano seguinte, o escritor publicou a peça de teatro "Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido", escrita como fundamento dramático para o libreto de uma ópera de Azio Corghi, compositor italiano que no final da década de 1980 criara a ópera "Blimunda", inspirada na personagem homónima do romance "O Memorial do Convento", voltando a recorrer aos textos do Nobel da Literatura para outras óperas e para cantatas ao longo dos anos 1990.

Em 2005, o escritor - que dizia não ser pessimista, "o mundo é que é péssimo" - lançou também um novo romance, "As Intermitências da Morte", que apresentou como "uma reflexão filosófica sobre a vida" e onde coloca questões como: "Quais as implicações de uma vida mais longa? Quanto tempo passaria a durar a velhice? Em que se tornaria o corpo humano?", "Como se pagariam então as reformas, problema que já agora se coloca?".

Traduções e prémios em todo o mundo

A vasta obra do escritor português encontra-se editada em mais de trinta países, entre os quais Dinamarca, Suécia, Finlândia, Hungria, Rússia, Turquia, Albânia, Eslovénia, Sérvia, Roménia, Macedónia, Síria, Israel, Tailândia, Emirados Árabes Unidos, México, Colômbia, Argentina e EUA.

As ficções de José Saramago valeram-lhe o Prémio da Associação de Críticos Portugueses (para "A Noite", em 1979), Prémio Cidade de Lisboa (por "Levantado do Chão", de 1980), Prémio Literário Município de Lisboa ("Memorial do Convento", 1982) e o PEN Clube para "Memorial do Convento" (1982) e "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1984).

Este último livro valeu-lhe ainda o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos (1985), o Prémio Dom Diniz (1986), o galardão italiano Grinzane-Cavour (1987) e o Prémio de Ficção Estrangeira do jornal The Independent (1993).

"O Evangelho Segundo Jesus Cristo" recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 1992, no mesmo ano em que "Levantado do Chão" foi galardoado em Itália com o Prémio Internacional Ennio Flaiano, enquanto "In Nomine Dei" venceu, em 1993, o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores.

Pelo conjunto da sua obra, Saramago foi ainda distinguido com o Prémio Internacional Literário Mondello e o Prémio Literário Brancatti (ambos em 1992), Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1993), Prémio Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e Prémio Camões (os dois em 1995) e Prémio Nacional de Narrativa Città di Penne, Prémio Europeu de Comunicação Jordi Xifra Heras e Prémio Nobel da Literatura (os três em 1998).

José Saramago acumulou ainda doutoramentos Honoris Causa pelas universidades de Évora (Portugal), Turim (Itália), Sevilha e Castilla-La-Macha (Espanha), Brasília (Brasil) e Manchester (Inglaterra), foi membro Honoris Causa do Conselho do Instituto de Filosofia do Direito e de Estudos Histórico-Políticos da Universidade de Pisa (Itália), membro da Academia Universal das Culturas (Paris) e do Parlamento Internacional de Escritores (Estrasburgo) e membro correspondente da Academia Argentina das Letras, além de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago de Espada e Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas.

Criador de um universo muito próprio, por vezes alojado entre o real e o fantástico, Saramago acreditava, à semelhança de Laurence Sterne, que talvez intercetasse pensamentos que os céus destinavam a outros homens.
Lusa
(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
Daqui

6 comentários:

  1. Não estejas triste.
    Ele não quereria que gastássemos o nosso precioso tempo a lamentar a sua perda.

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  2. Dr Shue:
    a morte põe-me sempre triste. para + ,ainda, quando é de pessoas de quem gosto.

    sei que não resolve nada, mas que queres? é superior a mim.

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  3. O luto é compartilhado. Morre um homem grandioso e um escritor sublime.

    Beijo Ema.

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  4. Caso queiras prestar presencialmente uma última homenagem... actualizei os dados de onde o corpo estará em câmara ardente.

    Mais um amigo que se vai. Paciência. Cedo chegará a minha hora, de certo. Mas não deixarei de viver com medo do desfecho final.

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  5. Beijo, Kenia.
    E obrigada por teres vindo.

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  6. Obrigada, Dr Shue.
    Ia postar assim reblogo o teu, não te importas pois não?
    Infelizmente estou longe e não posso estar presente.
    1 abraço

    Todos nós temos uma hora. mas desejo que seja o mais tarde possível e que mereça a pena vivermos o resto da nossa vida.

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