É curioso como há tanta gente que desdenha dos poetas e da poesia, um pouco na linha daquele pensar rasteiro que perante alguém que diz querer seguir Filosofia, logo pergunta, "-E o que vais fazer com isso?" Certo, a comida é importante e com efeito não sou capaz de conceber que se possa filosofar com a barriga vazia e depois há toda uma série de coisas importantes e práticas que um espírito mais dado à evasão... Enfim, aqui lá vamos nós direitinhos a um olhar sem golpe de asa. Mas é assim o mundo. E a verdade é que este tem muito do pendor inventivo dos poetas. Vendo bem, por exemplo, em boa parte a portugalidade é uma invenção do Camões que fez o Gama contar ao Samorim de Calecute a história gloriosa daqueles que da lei da morte se libertaram e com isso nos levaram a dar novos mundos ao mundo de tal maneira que ainda hoje há quem fale no império do espírito que nos compete pôr em prática e que afinal advém dessa epopeia que o Luís Vaz escreveu e cantou. É o que sucede com o amor, pois muito do que a respeito do mesmo se diz lá vem da pena desses lunáticos que vivem enleados em pensamentos que não se confinam aos meros passos da busca do pão. Shakespeare consagrou o amor romantico que antes dele outros haviam cantado -Petrarca, a esse nível, foi genial e, segundo Jorge de Sena, há até sonetos atribuidos ao nosso imortal Camões que mais não seriam que traduções daquele toscano- e de que as tradições da baixa Idade Média já haviam falado em lendas como a de Tristão e Isolda. L'amour, provavelmente um dos sentimentos universais da Humanidade.
E também a Ema reinventa o amor, no caso da sua pena, sob a forma de um desencontro em que aquele permanece na nostalgia de uma potencialidade que não se materializou e que deixa a marca de uma ferida no peito que nem o tempo teve como sarar e que por isso reabre e deixa que a tristeza escorra sempre que, por qualquer motivo, se desvanece a névoa em que aquele se vai escondendo nos fundos da memória. É um ângulo do amor que toca a muitíssima gente e que a Ema vai lapidando com um escoporo muito, muitíssimo pessoal e singular e com uma delicadeza que encanta e espanta por não se perder no miudinho da paixão carpida que, geralmente, coincide com a falsidade ou o erro no avaliação dos sentimentos que se têm.
a saudade colou-se-me à pele da alma e a tristeza é hoje a minha morada
Não porque a pessoa seja triste, mas porque essa é uma dor de aperto da ansiedade, a tristeza invade o dia de um rosto para quem as palavras mudas são a única forma de comunicar -terá morrido o amado? Estará ausente, sem notícia? Será inacessível?- com aquele a quem se deixa o presente de um amor que ele não -pode, quer?- recebe(u). Como seria o reencontro? A glória da consumação do amor, tenho a certeza disso; eis um desafio -difícil, muito difícil- que a Ema poderia tratar.
Seja como for, gostei, uma vez mais.
Enfim, palavras a mais de um tonto que trocou o café da manhã por este comentário.
Haja então paz e muita saúde para si
Luís Gomes
PS
Ontem à noite remeti uma resposta às palavras que me dirigiu a propósito do comentário que fiz à poesia anterior. Provavelmente perdeu-se e tenho pena que assim tenha sido, pois escrevi directamente nesta caixinha e não salvei o texto. Creio que a Ema gostaria de ter lido aquilo. É a vida, também não é grave.
E a despropósito lhe digo que já fui a Fátima, mas ainda não encontrei o cartão referente a essa visita. Será que a encomenda que levava chegou ao destino? Não sei, mas eu entreguei-a, tenho a certeza disso.
Luís, gosto sempre de ler os seus comentários e as interpretações que dá aos meus escritos. é sempre interessante saber a leitura que os outros fazem do trabalho das nossas emoções- o que não quer dizer que a mesma coincida com a cerne d questão... ;) ... Ontem a minha net aparvalhou. ando mesmo "chateada com a zonfibra! volta e meia cai. na semana passada esteve desde a hora do almoço até ao outro dia às 10 horas e ontem pouco faltou para se igual... no entretanto perdem -se comentários. pode ser que ainda apareça aquele a que se refere pois a net só veio às 10h da manhã. ... não percebi essa da ida a Fátima :P
saúde e paz
e muito obrigada pelo cuidado que põe, sempre, nos comentários que faz aqui no meu bloguito.:)
Não sei a que cuidado se refere, limito-me a dizer aquilo que penso ou que sinto, nada mais.
É, é sempre engraçado ler as interpretações alheias a respeito do que escrevemos, pois não é líquido que aquelas -mesmo considerando aquelas que têm toda a pertinência e lógica própria- apanhem a chave de linguage(ns)m alegórica(a) que nem em todos os casos é perceptível para o Leitor e há situações em que isso cria pequenos episódios humorosos.
Essa da ida a Fátima, admito que não tenha percebido... Fazer uma promessa à Senhora de Fátima... Enfim. Mas a coisa tem explicação pois eu tinha prometido enviar-lhe umas músicas e já o fiz e não recebi o retorno que lhe tinha pedido, se recebera e em que condições recebera a encomenda. A linguagem cifrada foi uma pequena brincaeira, espero que não tenha levado a mal, são vícios que o serviço militar deixou. Não me queira mal por isso.
Ah , Luís, já respondi do outro lado. a minha net tem andado marada. e volta e meia desaparece por longos períodos... não há razão nenhuma para o querer mal. paz e saúde
Alebana: e lembraste-te muito bem. gostei tanto que vou pô-lo no corpo principal do blog. fico-te muito grata por mo teres lembrado. beijo-te no coração, querida Alebana.
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Na compra do livro ajuda a Regaço que apoia crianças em risco...
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"É proíbida a entrada a quem não estiver espantado de existir." José Gomes Ferreira
Viva A Diversidade
As Minhas Raízes
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Reticências
"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho..."
Mário Quintana
Exílio
"Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades."
Sophia de Mello Breyner Andresen
Nos teus olhos
"É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe, mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti; Nuno Júdice
Vazio
"A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.”
Manoel de Barros
Poema do Contra
"Todos estes que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!" Mario Quintana
Quando Eu Morrer
"Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto ao mar."
Sophia de Mello Breyner Andresen
Quem
"...Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
Sem nos dar braços para os alcançar?!..." Florbela Espanca
Livro
"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive." Vieira, António (Padre)
Palavras
"As palavras não dizem tudo quanto é preciso. Diriam mais, talvez, se fossem asas." José Saramago
Escrever
"Escrever é fácil: começas com uma letra maiúscula e terminas com um ponto final. No meio colocas as ideias." Pablo Neruda
Dúvida
"Duvido, portanto penso."
Fernando Pessoa
Sabedoria Africana
Ter sempre pressa não impede a morte, tal como ter vagar não nos impede de viver."
Provérbio Escandinavo
"Visite os seus amigos com frequência. O mato cresce depressa em caminhos pouco percorrido."
Trabalho
"O homem não nasceu para trabalhar, mas para criar."Professor Agostinho da Silva
Futuro
"O Futuro é a solidão por estrear." José Agualusa in Barroco Tropical
Poeta
"Quando já não havia outra tinta no mundo, o poeta usou do seu próprio sangue. Não dispondo de papel, ele escreveu no próprio corpo. Assim, nasceu a voz, o rio em si mesmo ancorado. Como o sangue: sem voz nem nascente."
Mia Couto
Talvez poema
"(...) Osamigosnãomorrem
somosnósquemorremos namortedeles"
Jad
Sensibilidade
"A sensibilidade é a pele da alma..." Miguel Loureiro
Sentidos
"Nós temos cinco sentidos: são dois pares e meio de asas.- Como quereis o equilíbrio?" David Mourão-Ferreira
"Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos." Martin Luther King
"To see a world in a grain of sand, and heaven in a wild flower... hold infinity in the palm of your hand, and eternity in an hour." William Blake
Caos
"É preciso muito caos interior para se poder parir uma estrela que dança." Nietzsche
Quase
"Quem quase morre ainda vive. Quem quase vive já morreu." Luís Fernando Veríssimo
O valor das coisas
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis". Fernando Pessoa
Playing For Change
“Behind the storms of daily conflict, crisis and struggle, it is the artist, and the poet and the musician that continues the quiet work of the centuries, building bridges of experience between peoples, and reminding us the universality of our feelings, desires, and despairs, and reminding us that the forces that unite are deeper than those that divide.”
Olááá,
ResponderEliminarÉ curioso como há tanta gente que desdenha dos poetas e da poesia, um pouco na linha daquele pensar rasteiro que perante alguém que diz querer seguir Filosofia, logo pergunta, "-E o que vais fazer com isso?"
Certo, a comida é importante e com efeito não sou capaz de conceber que se possa filosofar com a barriga vazia e depois há toda uma série de coisas importantes e práticas que um espírito mais dado à evasão... Enfim, aqui lá vamos nós direitinhos a um olhar sem golpe de asa. Mas é assim o mundo.
E a verdade é que este tem muito do pendor inventivo dos poetas. Vendo bem, por exemplo, em boa parte a portugalidade é uma invenção do Camões que fez o Gama contar ao Samorim de Calecute a história gloriosa daqueles que da lei da morte se libertaram e com isso nos levaram a dar novos mundos ao mundo de tal maneira que ainda hoje há quem fale no império do espírito que nos compete pôr em prática e que afinal advém dessa epopeia que o Luís Vaz escreveu e cantou.
É o que sucede com o amor, pois muito do que a respeito do mesmo se diz lá vem da pena desses lunáticos que vivem enleados em pensamentos que não se confinam aos meros passos da busca do pão. Shakespeare consagrou o amor romantico que antes dele outros haviam cantado -Petrarca, a esse nível, foi genial e, segundo Jorge de Sena, há até sonetos atribuidos ao nosso imortal Camões que mais não seriam que traduções daquele toscano- e de que as tradições da baixa Idade Média já haviam falado em lendas como a de Tristão e Isolda. L'amour, provavelmente um dos sentimentos universais da Humanidade.
E também a Ema reinventa o amor, no caso da sua pena, sob a forma de um desencontro em que aquele permanece na nostalgia de uma potencialidade que não se materializou e que deixa a marca de uma ferida no peito que nem o tempo teve como sarar e que por isso reabre e deixa que a tristeza escorra sempre que, por qualquer motivo, se desvanece a névoa em que aquele se vai escondendo nos fundos da memória. É um ângulo do amor que toca a muitíssima gente e que a Ema vai lapidando com um escoporo muito, muitíssimo pessoal e singular e com uma delicadeza que encanta e espanta por não se perder no miudinho da paixão carpida que, geralmente, coincide com a falsidade ou o erro no avaliação dos sentimentos que se têm.
a saudade colou-se-me à pele da alma
e a tristeza é hoje a minha morada
Não porque a pessoa seja triste, mas porque essa é uma dor de aperto da ansiedade, a tristeza invade o dia de um rosto para quem as palavras mudas são a única forma de comunicar -terá morrido o amado? Estará ausente, sem notícia? Será inacessível?- com aquele a quem se deixa o presente de um amor que ele não -pode, quer?- recebe(u).
Como seria o reencontro? A glória da consumação do amor, tenho a certeza disso; eis um desafio -difícil, muito difícil- que a Ema poderia tratar.
Seja como for, gostei, uma vez mais.
Enfim, palavras a mais de um tonto que trocou o café da manhã por este comentário.
Haja então paz e muita saúde para si
Luís Gomes
PS
Ontem à noite remeti uma resposta às palavras que me dirigiu a propósito do comentário que fiz à poesia anterior. Provavelmente perdeu-se e tenho pena que assim tenha sido, pois escrevi directamente nesta caixinha e não salvei o texto. Creio que a Ema gostaria de ter lido aquilo. É a vida, também não é grave.
E a despropósito lhe digo que já fui a Fátima, mas ainda não encontrei o cartão referente a essa visita. Será que a encomenda que levava chegou ao destino? Não sei, mas eu entreguei-a, tenho a certeza disso.
Luís
Luís,
ResponderEliminargosto sempre de ler os seus comentários e as interpretações que dá aos meus escritos.
é sempre interessante saber a leitura que os outros fazem do trabalho das nossas emoções- o que não quer dizer que a mesma coincida com a cerne d questão... ;)
...
Ontem a minha net aparvalhou. ando mesmo "chateada com a zonfibra! volta e meia cai. na semana passada esteve desde a hora do almoço até ao outro dia às 10 horas e ontem pouco faltou para se igual... no entretanto perdem -se comentários. pode ser que ainda apareça aquele a que se refere pois a net só veio às 10h da manhã.
...
não percebi essa da ida a Fátima :P
saúde e paz
e muito obrigada pelo cuidado que põe, sempre, nos comentários que faz aqui no meu bloguito.:)
Olááá,
ResponderEliminarNão sei a que cuidado se refere, limito-me a dizer aquilo que penso ou que sinto, nada mais.
É, é sempre engraçado ler as interpretações alheias a respeito do que escrevemos, pois não é líquido que aquelas -mesmo considerando aquelas que têm toda a pertinência e lógica própria- apanhem a chave de linguage(ns)m alegórica(a) que nem em todos os casos é perceptível para o Leitor e há situações em que isso cria pequenos episódios humorosos.
Essa da ida a Fátima, admito que não tenha percebido... Fazer uma promessa à Senhora de Fátima... Enfim.
Mas a coisa tem explicação pois eu tinha prometido enviar-lhe umas músicas e já o fiz e não recebi o retorno que lhe tinha pedido, se recebera e em que condições recebera a encomenda. A linguagem cifrada foi uma pequena brincaeira, espero que não tenha levado a mal, são vícios que o serviço militar deixou. Não me queira mal por isso.
Hasta luegooo,
Luís Gomes
Querida Em@
ResponderEliminarnão sei porquê lembrei-me deste grande tema e voz!
http://www.youtube.com/watch?v=tWuQc7W0O-A
Um grande beijinho!
Ah , Luís, já respondi do outro lado.
ResponderEliminara minha net tem andado marada. e volta e meia desaparece por longos períodos...
não há razão nenhuma para o querer mal.
paz e saúde
Alebana:
ResponderEliminare lembraste-te muito bem. gostei tanto que vou pô-lo no corpo principal do blog.
fico-te muito grata por mo teres lembrado.
beijo-te no coração, querida Alebana.