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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Para acabar bem a noite, o que há de melhor se não rir?

hoje tive num dia menos bom...daqueles que acontecem na vida de qualquer um(a). mas tenho a sorte de ter uma amigo com as antenas bem posicionadas e que, por intuição ou mero acaso, acaba por me mandar, sempre, qualquer coisa para me dispor bem. pois, o meu amigo Goodlife, mandou-me por méle (e-mail) um texto maravilhoso do meu queridíssimo Luís Fernando Veríssimo.
fez-me um bem danado. rebolei a gargalhar de tal maneira que até cãibras no estômago tive.
muitos thankiús, Goodlife, um muaaaaaaak para ti.

e como não sou uma pessoa egoísta, venho partilhar convosco este verdadeiro antidepressivo.pois, que vos faça tão bem como a mim.
boa noite.

"Aeroporto Santos Dumont, 15:30.
Senti um pequeno mal-estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse. Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as pontas.

Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão.
'Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranqüilo, o avião só sairía às 16:30'.
Entrando no ônibus, sem sanitários. Senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do
aeroporto.

Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil falei:
'Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro.'

'Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda.'

O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante: 'Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1hora, devido a obras na pista.

'Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação anus a qualquer momento.

Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro.

O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se
acomodado. Tentava me distrair vendo TV, mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do
ônibus e percebi, consternado, que havia cagado. Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor.

Daqueles que dá vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada. Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal. Mas sem dúvida, a situação tava tensa. Olhei para o meu amigo, procurando um pouco depiedade, e confessei sério:

'Cara, caguei!'
Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou-me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle.

'Que se dane, me limpo no aeroporto', pensei.

'Pior que isso não fico'.

Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez, como uma pasta morna. Foi merda para tudo que é lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés. E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líqüida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade. E depois um peido tipo bufa, que eu nem tentei segurar. Afinal de contas, o que era um peidinho para quem já estava todo cagado... Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa. E me caguei pela quarta vez. Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pêlos do rabo junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas. Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei falta de papel higiênico em todos os cinco.

Olhei para cima e blasfemei: 'Agora chega, né?'

Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que concluí como sendo o fundo do poço) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o 'check-in' e ia correndo tentar segurar o vôo. Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte. 'Ele tinha despachado a mala com roupas'. Na mala de mão só tinha um pulôver de gola 'V'. A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus. Desesperado comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis. Minha cueca, joguei no lixo. A camisa era história. As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas pela merda. Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1a 10. Teria que improvisar. A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar. Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água. Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar.

Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola 'V', sem camisa.

Mas caminhava com a dignidade de um lorde.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o 'RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO' e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria.

A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir:

'Nada, obrigado.'

Eu só queria esquecer este dia de merda.

Um dia de merda...

Luis Fernando Veríssimo (verídico)."

17 comentários:

  1. Ei, Ema, isso é que é acabar bem a noite....rsrs

    Boa noite!!

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  2. Boa noite, adriana.
    espero que tenhas rido muito. :S

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  3. hahahahahahaha que maravilhaaaaaaa! Muito bom rir da desgraça alheia, né? Porque se fosse comigo, acho que morreria no banheiro com 70 anos, incapaz de olhar nos olhos de quem quer que fosse. rsrs

    Obrigada por compartilhar tanta merda, Em@. rs Muito bom!

    Beijoca

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  4. Que incrível. Acabei de te mandar um comentário e recebi o seu. Simbiótico. rs

    Beijoca, flor!

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  5. eu não me ri, só, da desgraça dele. ri-me da "ousadia" dele relatar tudo tão bem...até senti o cheiro. e depois eu ponho-me sempre na pele do outro e apesar de me rir,até mais não, acho que nem do autocarro (ônibus) saía eheheh.

    beijoca Sylvia e merda dá sorte!ehehehe atrai dinheiro

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  6. foi? que giro eheheh cruzaram-se nas rotas blogosféricas.
    beijooooo

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  7. Confesso que há muito tempo nõa me via diante das crônicas de Luis Fernando Veríssimo!

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  8. E eu,Juan, confesso-lhe que foi uma ousadia minha postá-la. mas olhe que lê-la fez-me ganhar o dia, pois ri tanto, que me livrei da melancolia e outras que tais.

    se houve quem não apreciasse , "paxênxia" , mas a vida nem sempre é bem cheirosa e comportada...e o LF Veríssimo não é para se deitar fora!

    :)

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  9. Perante tanto dejecto fecal que fazer senão rir da desgraça alheia? XD

    Acho que é caso para um bonito roflol. XD

    Se eu fosse o amigo, eu não teria conseguido sair do autocarro... teria tido um colapso de tanto rir. XD

    Em@, se houve quem não gostou da alarvidade, só há uma coisa a fazer, puxar o autoclismo e esperar pelo próximo post.

    Beijinho!

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  10. Ema, flor de maracujá! Que texto!
    Só soltei o fôlego agora, na reta final....
    Rí demais!!
    Se for verídico mesmo, affffffff, coitado do Veríssimo, ou de quem quer que seja, tenha passado por uma situação dessas...

    beijokas Em@!

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  11. Márcia, psst, como descobriu que minha flor é a flor de maracujá???? :S

    ainda bem que se riu, mesmo que tenha sido à custa de alguém.mas foi o próprio que relatou os factos, logo deu-nos autorização para rirmo-nos deles.
    1 beijoo, Márcia.

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  12. Elenáro,desculpa não tinha visto o teu comentário...
    repito cotigo roflol.
    beijinho

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  13. Mas o que foi feito do comentário que eu enviei para aqui hoje de madrugada... ainda sem ter posto o corpo na cama?
    Arre! Não chegou?

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  14. num sei.
    aqui num tchegou nadica de nada.

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  15. Sempre escrevemos para recordar a verdade.
    Quando inventamos, é para recordá-la mais exatamente.
    Luís Fernando Veríssimo

    Coincidência... Adoro a escrita de Luís Fernando Veríssimo. a passagem transcrita é justamente a escolhida para encimar a minha primeira experiência poética em termos editoriais.

    Fantástica a tua escolha! Trouxe-me de volta a tantas coisas que julgava esquecidas, já...

    Um abraço!

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  16. Outro para ti, Jorge.
    O Luís Fernando Veríssimo , entre outros, faz parte dos meus afectos literários. pena tenho eu de não o ter conhecido em pessoa.

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