Bem-vindo(a) - Bienvenido(a) - Welcome - Willkommen - Benvenuto(a) - Bienvenu(e)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Entrevista do DN ARTES a Luís Diferr

Banda desenhada
Jacques Martin em Portugal pela mão de Luís Diferr
por EURICO DE BARROS 16 Junho 2010


"O autor português assinou o álbum 'Portugal', da série 'As Viagens de Loïs', que é hoje apresentado em Lisboa

Quando era adolescente e lia, "absolutamente estupefacto", as aventuras de Alix desenhadas por Jacques Martin, o português Luís Diferr estava longe de imaginar que um dia, no futuro, ia assinar um álbum de uma série do universo do grande autor da banda desenhada franco-belga. E ver o seu nome na capa, ao lado do do criador de álbuns clássicos como O Último Espartano ou As Legiões Perdidas, e de personagens como Alix, Lefranc, Jhen ou Loïs.

Hoje, no Palácio Beau Séjour (Gabinete de Estudos Olisiponenses), às 18.30, é apresentado o álbum Portugal, o segundo da série As Viagens de Loïs, de Luís Diferr e Jacques Martin, com edição da Asa, que regista a visita ao nosso país da personagem do jovem pintor que vive as suas aventuras na corte de Luís XIV.

O autor português recordou ao DN como tudo começou. "Eu encontrei-me o Jacques Martin no Festival de Banda Desenhada da Amadora em Outubro de 2002, estavam lá também o Rafael Morales, desenhador, e o editor, o Jimmy Van den Hautte. Já conhecia o Martin de um Salão da Sobreda e estive a falar com o Jimmy. Mostrei-lhe o último álbum que fiz, Os Deuses de Altair, e umas fotocópias de outros trabalhos, e ele propôs-me fazer este álbum do Loïs. Na altura não percebi o que era, porque ainda não existia a série, que se passa na época do Luís XIV. Algum tempo depois, o Jimmy mandou-me algumas fotocópias do primeiro álbum, que estava em produção, eu enviei-lhe uma proposta e um desenho de base, que foi o dos Jerónimos, e foi assim que tudo arrancou".

Começaram então seis anos de "trabalho gigantesco", como conta Luís Diferr. "Quando comecei a fazer o álbum tinha um horário completo de professor. Mas quando começou a pesar, tive que pedir uma licença sem vencimento. Foi uma tarefa muito exigente, em termos gráficos como na procura e consulta de documentação. Quando me envolvi neste projecto, nunca me passou pela cabeça o trabalho que iria ter".

Tendo como referente que as histórias de Loïs se passam no reinado de Luís XIV, Diferr situou Portugal "entre meados do século XVII e do século XVIII. É a época de D. João V, que foi um rei absolutista à maneira de Luís XIV".

Diferr fez "tudo" em Portugal, "excepto a introdução, que é do Jacques Martin. Os desenhos são todos meus, bem como as fotos, excepto duas ou três. Ele acompanhava o trabalho que lhe era submetido à apreciação, via os desenhos a lápis, dizia para modificar isto ou aquilo. Depois, eram passados a tinta da china e a seguir iam à cor. Mas pouco tempo depois, ele afastou-se por causa dos problemas de vista de que sofria, e a validação dos desenhos passou a ser feita por um comité da Casterman", conta.

O autor de Alix "era muito exigente" e Diferr teve "alguns problemas, sobretudo por causa da vista dele. O Jacques Martin sabia muito bem o que queria, mas já estava com muita dificuldade em avaliar os desenhos, não os conseguia ver como um todo. Tinha que usar um aparelho que os ampliava aos bocados e depois que os reconstruir na sua cabeça".

O álbum levou a que fosse proposto ao autor luso "uma das personagens do universo do Jacques Martin, o Jhen. Também apresentei algumas propostas à Casterman, mas umas não avançaram e outras estão em espera", revela. "Este álbum vale por si mas também pelas portas que pode abrir, ali ou noutra editora. Espero que alguma coisa se resolva, até porque o mercado franco-belga é muito competitivo, ainda mais para alguém de fora. Mas pronto, a esperança é a última a morrer".

Daqui

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto,´gosto muito daqui,seu blog é lindo.Parabéns

    ResponderEliminar
  2. Obrigada pela visita e pelas simpáticas palavras.
    Sinta-se em casa, Arnoldo.

    ResponderEliminar