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domingo, 31 de janeiro de 2010

Da Cultura



Programa
.
*
DIA 20 SÁBADO
22h00
Espectáculo de Teatro Apalavrado:
“O Homem que Embala o Carrinho de
Bebé” (a partir de texto de Carlos J. Pessoa)
e
“Num Dia Qualquer”(a partir de texto de Luís Mestre)
Org: Varazim Teatro
AUDITÓRIO MUNICIPAL
*
DIA 23 TERÇA-FEIRA
22h00
Lançamento de Livros
Patrícia Reis, Antes De Ser Feliz, Dom Quixote
Tiago Gomes, Obra Poética,Bailes del Sol
HOTEL VERMAR
22h30
Sessão de Poesia
com Poetas convidados
HOTEL VERMAR
*
DIA 24 QUARTA-FEIRA
11h00
Sessão Oficial de Abertura do Correntes d’ Escritas
CASINO DA PÓVOA
Anúncio dos vencedores dos Prémios Literários
Casino da Póvoa,
Correntes d’ Escritas
Papelaria Locus
e
Conto Infantil Ilustrado Correntes d’ Escritas
Porto Editora de 2010
Lançamento da Revista Correntes d’ Escritas 9,
dedicada a Agustina Bessa-Luís– Evocação da autora por Inês Pedrosa
15h30
Conferência de Abertura
“Leitura, Escrita e Educação”
Isabel Alçada, Ministra da Educação
Apresentação: José Carlos de Vasconcelos
AUDITÓRIO MUNICIPAL
17h00
1ª Mesa: “Escrevo para desiludir com mérito”
Ana Luísa Amaral,Eduardo Pitta,Fernando J.B. Martinho,Francisco Moita Flores,
Gilda Nunes Barata, Zuenir Ventura
Catherine Dumas – moderadora
AUDITÓRIO MUNICIPAL
22h00
Lançamento de Livros
Ana Luísa Amaral, Inversos – Poesia 1990-2010, Dom Quixote
Inês Botelho, O Passado que Seremos, Porto Editora
J.J. Armas Marcelo, A Ordem do Tigre, Teorema
Lourenço Pereira Coutinho, Cinco de Outubro, Sextante
Manuel da Silva Ramos, Três Vidas ao Espelho, Dom Quixote
Tânia Ganho, A Lucidez do Amor, Porto Editora
HOTEL VERMAR
23h00
Sessão de Poesia
com poetas convidados
HOTEL VERMAR
*
DIA 25 QUINTA-FEIRA
10h00
Sessões nas Escolas
E.B. 2/3 Dr. Flávio Gonçalves:
Ana Luísa Amaral, Ivo Machado
Tema: A voz das palavras
10h30
Sessões nas Escolas
Colégio de Amorim: Dulce Maria Cardoso, João Tordo
E.B. 2/3 de Beiriz: Gilda Nunes Barata, valter hugo mãe
Tema: A voz das palavras
10h30
2ª Mesa: Pedra a pedra constrói-se a poesia
Manuel Rui,Maria Teresa Horta,Pedro Teixeira Neves,Rosa Alice Branco,Tiago Gomes
José Carlos de Vasconcelos – moderador
AUDITÓRIO MUNICIPAL
12h30
Lançamento de Livros
Paulo Kellerman, Chega de Fado, Deriva
Pedro Teixeira Neves, Histórias do Barco da Velha, Trinta por uma Linha
CASA DA JUVENTUDE
15h00
3ª Mesa: “Passo e fico, como o Universo”
Bernardo Carvalho,Germano Almeida,Isaac Rosa,João Tordo,Tânia Ganho
Carlos Vaz Marques – moderador
AUDITÓRIO MUNICIPAL
15h00
Sessões nas Escolas
E.B. 2/3 de Aver-o-mar: Rui Vieira, Vergílio Alberto Vieira
E.B. 2/3 Rates: João Manuel Ribeiro, Pedro Teixeira Neves
Tema: A voz das palavras
17h00
Lançamento de Livros
Isaac Rosa, O País do Medo, Planeta
Zuenir Ventura, Inveja – Um Mal Secreto, Planeta
CASA DA JUVENTUDE
17h30
Mesa: Literatura: o esforço inédito das palavras
J.J. Armas Marcelo,Luís Naves,Manuel da Silva Ramos,Pablo Ramos,Paulo Kellerman
Inês Pedrosa – moderadora
AUDITÓRIO MUNICIPAL
21h45
Apresentação dos Documentários:
“Toma lá do O’Neill”, de Fernando Lopes
e
“José Cardoso Pires – livro de bordo”, de Manuel Mozos
Org: Cineclube Octopus
AUDITÓRIO MUNICIPAL
22h00
Lançamento de Livros
Héctor Abad Faciolince, Receitas de Amor para Mulheres Tristes, Quetzal
Milton Fornaro, Cadáver Precisa-se, Quetzal
Pablo Ramos, Origem da Tristeza, Quetzal
Pedro Eiras, Substâncias Perigosas, Livro do Dia
Rui Vieira, Vozes no Escuro, Edições Nelson de Matos
VV.AA Antologia Desacordo Ortográfico, Livro do Dia
HOTEL VERMAR
23h00
Apresentação de Novos Projectos Editoriais
HOTEL VERMAR
24h00
Lançamento do livro O Terceiro Reich de Roberto Bolaño
*
DIA 26 SEXTA-FEIRA
10h00
Sessões nas Escolas
Escola Secundária Eça de Queirós:
Germano Almeida, Milton Fornaro, Rosa Alice Branco, Zuenir Ventura
Tema: A voz das palavras
Escola Secundária Rocha Peixoto:
Inês Pedrosa, Leonor Xavier, Manuel Rui, Pablo Ramos
Tema: A voz das palavras
10h30
Sessões nas Escolas
E.B. 2/3 Cego do Maio: Tiago Gomes, João Paulo Sousa
Tema: A voz das Palavras
10h30
5ª Mesa: As palavras cercam-nos como um muro
Héctor Abad Faciolince ,Inês Botelho ,Imma Monsó ,José Carlos Barros ,
Sérgio Luís de Carvalho
Onésimo Teotónio de Almeida – moderador
AUDITÓRIO MUNICIPAL
12h30
Lançamento de Livros
Imma Monsó, Um Homem de Palavra, Casa das Letras
CASA DA JUVENTUDE
15h00
6ª Mesa: “O poeta é um predador”
Inma Luna ,Ivo Machado ,Jorge Melícias ,Tiago Nené ,valter hugo mãe
Francisco José Viegas – moderador
AUDITÓRIO MUNICIPAL
17h00
Lançamento de Livros
Leonor Xavier, Casas Contadas, Asa
Luísa Dacosta, História com Recadinho, Asa
Ricardo Menéndez Salmón, Derrocada, Porto Editora
CASA DA JUVENTUDE
17h30
7ª Mesa: A literatura perverte a imaginação
João de Melo,Leonor Xavier,Malangatana,Manuel Jorge Marmelo,Gonzalo Celorio
Ivo Machado – moderador
AUDITÓRIO MUNICIPAL
22h00
Anúncio dos vencedores dos Prémios
de Edição Ler/Booktailors
AUDITÓRIO MUNICIPAL
*
DIA 27 SÁBADO
10h30
8ª Mesa: “Duvido, portanto penso”
João Paulo Sousa,Lourenço Pereira Coutinho,Paulo Moreiras,Pedro Pinto,Vítor Burity da Silva
José Mário Silva – moderador
AUDITÓRIO MUNICIPAL
16h00
9ª Mesa: “Cada Palavra é um pedaço do Universo”.
Luandino Vieira,Mário Zambujal,Milton Fornaro,Onésimo Teotónio de Almeida
Ricardo Menéndez Salmón,Rui Zink
Maria Flor Pedroso - moderadora
AUDITÓRIO MUNICIPAL
18h30
Encerramento
Entrega dos Prémios Literários Casino da Póvoa, Correntes d’ Escritas
Papelaria Locus e Conto Infantil
Ilustrado Correntes d’ Escritas Porto
Editora
AUDITÓRIO MUNICIPAL
...
INICIATIVAS PARALELAS
DIA 25 QUINTA-FEIRA
09h30
Sessões com alunos da Escola
E.B. 2/3 Dr. Augusto César Pires de Lima (Porto):
João Manuel Ribeiro, Vergílio Alberto Vieira, Maria do Rosário Pedreira
DIANA BAR
*
DIAS 24, 25, 26 E 27 QUARTA, QUINTA, SEXTA E SÁBADO
Feira do Livro
CASA DA JUVENTUDE
CORRENTES D’ ESCRITAS EM LISBOA
DIA 1 MARÇO SEGUNDA-FEIRA
18h30
10ª. Mesa: "O Livro é isto "
Germano Almeida,J.J. Armas Marcelo, Ricardo Menéndez Salmón, Tânia Ganho
Pedro Teixeira Neves - moderador

Apetceu-me



Virtuosidade vocal em movimento.
Simplesmente deslumbrante ouvi-los navegar, assim, nas suas vozes.
Muitos thankiús, Al, por mo teres lembrado.

Parque da Memória

Pintura de Em@
(aguarela com textura e lápis aguareláveis)
©
Dos meus silêncios
cresceu este parque
.
-memória que guardo nos olhos
carregados de pássaros
que rumam sempre a Sul-
.
Eles traçam as rotas de cheiros
cores e afectos
onde me reencontro
no plano perfeito
do mar-chão
à espera de uma brisa
que sopre a vela
do meu barco de papel.
.
No entretanto
perco o olhar nas gotas de chuva
que desenham
na janela
outros caminhos sem barcos
que me levam directa
a um arco-íris inventado.
.
Em@

Bom dia!

Pintura de Em@
(aguarela com textura e lápis aguareláveis)
©
Esta pintura foi inspirada numa fotografia do colega e amigo do Brasil, Cláudio J. Gontijo, editor do blog Verde Vida. É um Pica-pau, e no Brasil há 46 espécies destes pássaros.
Espero que o meu trabalho agrade ao Cláudio :) e que vos proporcione, a todos, um Bom Dia.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Apeteceu-me.

O Drama de Um Rio - Ainda o Tâmega


Eutrofização no Tâmega - 5 de Setembro de 2009 - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

(In)digestão - Debate sobre os Impactes Ambientais da Barragem de Fridão

Primeira consideração - O dia e a hora escolhidos para a realização de um debate desta natureza, que se diz querer ser abrangente, não foram os melhores. De facto, este debate promovido pela CMA parece ser mais para inglês ver do que outra coisa qualquer ou o dia escolhido não passaria por ser um dia de semana e não passaria por ser à hora absolutamente inconveniente a que foi marcado, 18 horas, hora a que a esmagadora maioria das pessoas jamais poderia comparecer. Assim pareceu-me que foi mais um "cumprir de calendário" que permitirá ao poder local afirmar que promoveu o debate. O que até "é verdade".

Segunda consideração - O debate não foi esclarecedor. Toda a informação negativa associada a esta construção foi escamoteada, omitida ou adoçada, na primeira intervenção, mais parecendo que a EDP nos fará um enormesco favor em construir a dita barragem e que nós, que nos opomos à sua construção, somos é uns mal agradecidos e que deveríamos era implorar pelas almas dos nossos antepassados, e quiçá pagar à EDP, pela construção da dita, de tal modo o panorama nos foi pintado em vários tons de azul celeste, celeste ou mesmo celestial, mesmo se com erros e incorrecções à mistura, como seja a "migração da Ilha dos Amores" que, coitada, assustada com o processo de eutrofização do Tâmega, resolveu migrar para junto da Ponte Nova. Não a condeno. Se eu fosse Ilha dos Amores, faria exactamente a mesma coisa, caso tivesse a possibilidade de fugir a sete pés daquela pasta verde nojenta, que se agrava a cada Verão que passa, e que é visível por qualquer olho que não seja cego.

Terceira consideração - Um dos responsáveis pelo Estudo de Impacte Ambiental, no que à Fauna diz respeito e que estava presente no debate, ao que parece não encontrou, na sua amostragem, feita na Primavera, com caudais de água elevados, em condições muito difíceis de acesso ao rio, não encontrou, dizia eu, nem lontras nem mexilhões.E eu não pude deixar de pensar, durante esta coisa a que se chamou debate, que nem me espanta que os mexilhões não estivessem visíveis e muito menos estivessem dispostos a deixarem-se apanhar por tal técnico e pensei mesmo mais... pensei mesmo que a verdadeira comunidade de mexilhões éramos quase todos nós, presentes naquela sala, habitantes do fabuloso Vale do Tâmega que agora se pretende destruir por completo.Quanto às lontras... enigma... talvez tenham encolhido de tamanho... talvez se tenham mimetizado com o arvoredo das margens, com a penedia que desponta, aqui e ali, à superfície da água... talvez também tenham fugido... sei lá eu... talvez para a Piscina Municipal que por certo é um lugar mais seguro para lontras...

Quarta consideração - Peço a alguém que tenha estado presente no debate que me ajude a digerir esta informação prestada pelo Professor Rui Boaventura que eu até tenho receio de estar a ficar taralhouca... É verdade que este senhor professor, engenheiro químico de formação, afirmou assim mesmo e sem apresentar quaisquer dados em concreto, que a qualidade da água no Tâmega melhorou com a construção da Barragem do Torrão?E que afirmou desconhecer o processo de eutrofização no Tâmega?Foi isto verdade ou eu estou mesmo a ficar taralhouca?

Quinta consideração - A dada altura afirmou Orlando Borges que, e estou a citar de memória sendo que retive o sentido das suas palavras, jamais o ouvirão dizer que a construção de uma barragem não trará impactes negativos, porque tem, e muitos.Ok, foi apenas um pequeno esclarecimento e eu considero-me esclarecida.

Sexta consideração - Cabe ao moderador de um debate desta natureza, atendendo a que está a lidar com pessoas, algumas das quais vão ser afectadas, de facto, pela construção da dita barragem, sentindo os seus malefícios na pele, ser efectivamente um moderador, moderando aqui e ali, deitando alguma água fria no calor dos argumentos esgrimidos, se for caso disso, estimulando as pessoas a colocarem as suas dúvidas do modo como podem e/ou sabem, comportando-se com elegância e decoro, comportando-se com educação e correcção e jamais o seu contrário.

Sétima consideração - Estou a tentar digerir o espectáculo deplorável a que assisti. Não sei se vou conseguir.

Oitava consideração - Quanto mais observo de perto a actuação de inúmeros políticos mais aprecio alguns cães. Por exemplo os Dálmatas. Excelentes companhias, leais, bem dispostos, meigos, brincalhões, divertidos...

Notas finais - Logo que esteja disponível, caso venha a estar, a gravação deste debate deprimente, colocá-la-ei neste blogue, para que todos os meus leitores possam ver com os seus próprios olhos, e escutar com os seus próprios ouvidos, aquilo que eu vi e escutei hoje.
As fotografias que ilustram este post foram tiradas por mim sem quaisquer malabarismo ou manipulações. Limitei-me a disparar.
O pé visível na fotografia é o meu, sobre a margem esquerda e putrefacta do meu rio. O meu rio é o que eu guardo na minha memória e recuso-me a pactuar calada, em silêncio, com a sua agonia.

Rebloguei : Daqui
Nota: Continuarei, até ao fim, aliada à Anabela Magalhães e a quem defender a água, os rios, o Ambiente, a Terra ...enfim, o Universo. Defendendo-os, defendemos as Pessoas também.

Com Dedicatória

Fotografia de Em@
©
Este post é dedicado a duas mulheres cujos nomes, por coincidência, começam por O.
São mães. São mães-sogras ou sogras-mães e ambas já viram e sentiram a partida dos homens das suas vidas.
Para além de lutadoras são amigas e gostam muito uma da outra.Nenhuma delas é minha sogra.Mas uma delas é minha Mãe.E a outra, uma amiga muito querida, pront(us) é também da família, pois é a mãe do meu cunhado e sogra da minha irmã :))).
Um beijinho às O(s) - O.M.S. e O.S.P.
Nota: Outro beijinho à minha amiga Beta (Bruxinha Bé) companheira de partidas na Sala de Profs da nossa escola, que me autorizou fotografar um cantinho do seu alpendre depois de um belíssimo almoço de cachupa...
Muitos thankiús, Miga!

Dos Outros

Fotografia: Verigo, por Nadiard

"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia, de Marina Colasanti*

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim-de-semana. E se no fim-de-semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma."

* Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com “Eu sei mas não devia” e também por “Rota de Colisão”.

O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia”, (1972)




Nota: Rebloguei Daqui
Muitos thankiús, Miguel Loureiro

Parque Dos Poetas III - Oeiras

Este parque temático fica situado em Oeiras, mais propriamente, na Quinta do Marquês.
Abstraiamo-nos da figura do seu presidente de câmara, porque isso poderia fazer a muitos de nós ,qualquer coisa parecida com "um chega para lá"...
Este jardim urbano é uma homenagem a 20 poetas do século XX e reúne 61 esculturas, muito verde, alguns poemas escritos nas pedras do chão e um anfiteatro. Nasceu de uma ideia de David Mourão Ferreira e de Francisco Simões.
A componente paisagística é da autoria do Arquitecto Francisco Caldeira Cabral.
Quem não o conhece logo que tenha oportunidade vá visitá-lo. É um jardim do qual nos podemos sentir orgulhosos e, acreditem, que de certeza, se irão sentir lá muito bem. Em paz e em comunhão com a beleza da arte e da natureza.



Alexandre O'neill



Mário de Sá-Carneiro



José Régio



Miguel Torga



Eugénio de Andrade



Manuel Alegre

~

Fotografias de Em@

©

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Da Cultura


Mais de 60 escritores estão convidados. São provenientes de países como Brasil, Moçambique, Cabo Verde, México, Colômbia, França, Espanha, Angola, Uruguai, Argentina e, claro, Portugal.

A.M. Pires Cabral Portugal
Ana Luísa Amaral Portugal
Aurelino Costa Portugal
Bernardo Carvalho Brasil
Carlos Vaz Marques Portugal
Catherine Dumas França
Dulce Maria Cardoso Portugal
Eduardo Pitta Portugal
Fernando J.B. Martinho Portugal
Francisco José Viegas Portugal
Francisco Moita Flores Portugal
Germano Almeida Cabo Verde
Gilda Nunes Barata Portugal
Gonzalo Celorio México
Hector Abad Faciolince Colômbia
Inês Botelho Portugal
Inês Pedrosa Portugal
Imma Monsó Espanha
Inma Luna Espanha
Isaac Rosa Espanha
Ivo Machado Portugal
J. J. Armas Marcelo Espanha
João de Melo Portugal
João Manuel Ribeiro Portugal
João Paulo Sousa Portugal
João Tordo Portugal
Jorge Melícias Portugal
José Carlos Barros Portugal
José Carlos de Vasconcelos Portugal
José Mário Silva Portugal
Leonor Xavier Portugal
Lourenço Pereira Coutinho Portugal
Luandino Vieira Angola
Luísa Dacosta Portugal
Luís Filipe Cristóvão Portugal
Luís Naves Portugal
Malangatana Moçambique
Manuel da Silva Ramos Portugal
Manuel Jorge Marmelo Portugal
Manuel Rui Angola
Maria do Rosário Pedreira Portugal
Maria Flor Pedroso Portugal
Maria Teresa Horta Portugal
Mário Zambujal Portugal
Milton Fornaro Uruguay
Onésimo Teotónio de Almeida Portugal
Pablo Ramos Argentina
Patrícia Reis Portugal
Paulo Kellerman Portugal
Paulo Moreiras Portugal
Pedro Eiras Portugal
Pedro Pinto Portugal
Pedro Teixeira Neves Portugal
Pedro Vieira Portugal
Ricardo Menéndez Salmón Espanha
Rosa Alice Branco Portugal
Rui Vieira Portugal
Rui Zink Portugal
Sérgio Luís de Carvalho Portugal
Tânia Ganho Portugal
Tiago Gomes Portugal
Tiago Nené Portugal
valter hugo mãe Portugal
Vergílio Alberto Vieira Portugal
Vítor Burity da Silva Angola
Zuenir Ventura Brasil

Boa noite!

Fotografia de Em@
©
Bons sonhos!

Parque dos Poetas II - Oeiras

José Gomes Ferreira

Fotografias de Em@©
E agora que faço
com tanta pedra
desabrochada em palavras
num jardim
plantado de poetas?
.
Libertá-las como pássaros
num céu limpo
de tempestade?
.
É o caminho das letras
a desaguar numa página
em branco
.
que eu escolho.
Em@

Parque dos Poetas - Oeiras





David Mourão Ferreira
Florbela Espanca
Natália Correia
Sophia de Mello Breyner Andersen
~
Fotografias de Em@
©

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Oeste Mar Bravo


.

Fotografias de Em@
©

Caminhos de Peniche, mar fora ou terra a dentro...

Naturalmente Parque




Fotografias de Em@

©

Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

O sono de Bali, um gato sagrado.







Fotografias de Em@
©
Nota:
O Bali é o gato da minha prima Carolina. :)